Que as redes sociais fazem parte da nossa vida, todos nós já sabemos. Mas até onde e como elas evoluíram ao longo do tempo?
Por onde quer que você trafegue na internet, lá elas estarão. Em qualquer smartphone, poderemos encontrar 5 ou 6 aplicativos – ou talvez até mais – relacionados às redes sociais. Exemplos não faltam: redes para compartilhamento de fotos, para postagem de vídeos curtos, para publicação de vídeos de maior duração, para realização de lives, ou mesmo para compartilhamento de opiniões polêmicas. Tem para todos os gostos!
O sistema das redes sociais se baseia numa necessidade básica que nós, seres humanos, possuímos: a necessidade de nos socializarmos. Somos seres gregários, e precisamos de companhia. Assim que a internet se popularizou, foi só questão de tempo até que alguém tivesse a ideia de suprir essa necessidade, criando mecanismos que permitissem às pessoas se relacionarem através da internet. Surgiram, assim, as primeiras redes sociais como as conhecemos hoje.
A primeira rede social criada
A primeira rede social a ser desenvolvida foi a Classmates, lançada no final de 1995, e que basicamente reunia informações de estudantes universitários dos Estados Unidos, entre os anos 1920 e 1980. Porém, foi a rede Six Degree, lançada em 1996, que primeiro utilizou ferramentas que são bastante familiares aos atuais usuários das redes: perfis, listas de amigos e detalhes pessoais. Saltando um pouco no tempo, vale a pena destacar o Orkut, queridinho dos brasileiros, lançado em 2004, e que fez muito sucesso por aqui. Definitivamente, foi depois do surgimento do Orkut que o brasileiro passou a entender o que significa rede social.
De lá pra cá, muita coisa mudou. Redes sociais surgiram e desapareceram – como o próprio Orkut, descontinuado pela Google em 2014, dez anos após o seu surgimento. Hoje em dia, a atenção dos usuários é disputada por uma série de redes sociais, dos mais variados tipos: Instagram, Twitter, Telegram, Facebook, TikTok e, é claro, o próprio YouTube. Cada rede tenta se reinventar para fixar mais a atenção e o engajamento de seus usuários, apresentando novos e variados recursos, tentando vencer a concorrência.
A ressignificação das redes sociais nos dias atuais
O crescimento das redes sociais e o surgimento de recursos mais inovadores trouxe uma mudança significativa no uso dessas redes: elas se tornaram um excelente ambiente para realização de negócios. Muita gente aprendeu a ganhar bastante dinheiro com as redes sociais. Estamos falando de influencers do Instagram e do TikTok, youtubers, vendedores de cursos que veiculam suas propagandas entre um ou outro story – enfim, todo um universo de negócios são realizados, diariamente, por meio das redes sociais. Algumas delas pagam, diretamente, para os produtores de conteúdo. Outras, servem como uma vitrine digital, para que os produtores vendam seus produtos ou anunciem os produtos de terceiros.
De uns tempos pra cá, não é mais exagero afirmar que as redes sociais se transformaram em verdadeiras redes comerciais. Algo que surgiu como uma plataforma para publicações amadoras e espontâneas, se transformou num ambiente competitivo e altamente profissional. Muita gente se dedica, exclusivamente, a gerenciar as redes sociais de marcas importantes – recebendo gordos salários em troca. Pessoas vivem – e muito bem – ganhando dinheiro através de suas redes sociais, fazendo publicidade, vendendo seus cursos, dentre outras formas bastante criativas de se empreender na internet.
Talvez, as redes sociais tenham se tornado mais um ambiente de negócios do que verdadeiros locais virtuais de encontro entre amigos. Lembra do Orkut, que eu citei ainda há pouco? Agora compare a simplicidade da página inicial, dos scraps e das comunidades daquela rede, com o feed e os stories do Instagram, por exemplo. Hoje em dia, somos bombardeados por propagandas, anúncios dos mais variados, sugestões de páginas a serem seguidas, etc. Verdadeiros especialistas em redes sociais passam o dia debatendo, entre si, o melhor meio de manter você, usuário, engajado com o conteúdo que eles produzem. Likes, comentários e views se tornaram uma mercadoria muito valiosa. Somando isso à todo empenho que empresas do vale do silício têm para manter a sua atenção presa em suas plataformas, é praticamente impossível não pegar o celular em um rápido intervalo para dar aquela rápida espiadinha no que está acontecendo nas redes sociais.
Redes sociais como fonte de renda
A pergunta que fica é: por que isso aconteceu? Por que as redes sociais deixaram de ser “sociais” para se tornar “redes comerciais”? É difícil dizer em que momento essa mudança aconteceu, mas o fato é que nós, seres humanos, temos uma enorme capacidade de reinventar a utilidade das coisas. Em algum momento, alguém percebeu que era possível ganhar dinheiro utilizando a visibilidade que determinada rede social proporcionava, e assim aconteceu. Mais e mais pessoas passaram a usufruir dessa possibilidade, e a coisa toda se profissionalizou. Enquanto muitos continuaram a usar as redes sociais para fazer amizades e manter contatos, outros as transformaram em fonte de renda.
Mas as próprias redes sociais se reinventaram por causa desse movimento. Várias formas de monetização foram desenvolvidas – e basta pensar no próprio YouTube para você entender do que eu estou falando. Afinal de contas, se existem pessoas que frequentam assiduamente determinado lugar, ainda que digital, então existe aí uma oportunidade de negócios. As redes se tornaram espaços para anúncios variados, para realização de promoções e para, inclusive, remuneração dos produtores de conteúdo, fazendo com que o ciclo se feche: o produtor ganha dinheiro por trazer conteúdo para a rede social, e a rede social lucra com o conteúdo trazido pelo produtor.
Se essa mudança no sentido das redes sociais é positiva ou não, fica a critério de cada um julgar. Mas duas coisas nós podemos afirmar: primeiro, que nada neste mundo permanece da mesma forma para sempre; e seria inevitável que as próprias redes sociais mudassem em algum momento. E segundo: onde quer que existam pessoas reunidas, aí existirá alguém tentando vender um produto. E as redes sociais são, basicamente, as grandes vitrines de nosso tempo, onde produtos e pessoas talentosas podem exibir suas qualidades para um grande público interessado. Até o momento, é um arranjo perfeito para todas as partes.
Qual é o futuro das redes sociais?
Ninguém é capaz de afirmar que as coisas continuarão assim para sempre. Um dia, pode ser que os usuários das redes sociais simplesmente se cansem de um ambiente tão comercial, e desistam das redes de uma vez. Talvez, daqui a 10 anos, não exista mais um Instagram, ou um YouTube, ou um Twitter – assim como, num espaço de 10 anos, o Orkut deixou de existir. As redes sociais são uma novidade na história humana, e ninguém descobriu, até agora, como criar uma rede infalível e que dure para sempre. Estamos, ainda, no processo de tentativa e erro.
Talvez, esse seja mesmo o futuro das redes sociais: um ambiente empresarial destinado aos mais diversos negócios que se possa imaginar. Nesse cenário, as redes se tornarão cada vez mais profissionais, e seu usuário será referência para seu futuro no mundo dos negócios. Por outro lado, pode ser que esse excesso de profissionalização das redes seja o seu fim. Se as pessoas simplesmente se cansarem de um ambiente tão formal, pode ser que elas abandonem as redes sociais. E sem usuários, que são os clientes, não faz sentido manter uma rede social funcionando.
Só o futuro poderá nos dizer o destino das redes sociais como as conhecemos. Orkut, MySpace, Google Plus, e tantas outras, não souberam se adaptar às mudanças e acabaram desaparecendo, ou se tornando tão irrelevantes, que as pessoas nem se lembram mais delas. O Facebook, que já reinou absoluto entre as redes sociais, também está minguando. No universo das redes, ninguém é capaz de dizer como será o futuro. O que podemos dizer é que as redes sociais mudaram – e continuam mudando – a forma com que nos relacionamos com nossos amigos. E também como fazemos negócios.
Um novo padrão de consumo, é claramente estabelecido. Mas e quanto a nós, usuários das redes sociais? Será que somos realmente usuários destas plataformas, ou somos meramente produtos que as tornam possíveis?